domingo, 19 de julho de 2015

Cultura negra e a realidade brasileira.

Os docentes não contribuem para o conhecimento da cultura africana








Republicamos este texto para Angola porque é um vislumbre do que acontece no Brasil. Não há um posicionamento real sobre como entendemos ou vemos a África. Mesmo entre as elites engras ainda não  há consenso. Vivemos num estado racista e segregador que insiste em não  reconhecer suas origens. É um trabalho espetacular, mantive os comentários porque complementam as ideias descritas.





Resumo 
O desconhecimento sobre África vem também pelo desinteresse dos docentes, que atingem fatores extremos e recuso a sua própria identidade, um dos motivos do desinteresse em abordar assuntos reais sobre a história da África é o preconceito e a religião de cada docente e a gestão escolar, gestão essa em que na maioria dos casos, não encaram o estudo da história de seus descendentes como disciplina obrigatória, mesmo ela estando sendo reconhecida pela Lei 10.639/03, prejudicando assim o conhecimento e a construção de uma cultura colonizada.
por Fabiano Correia de Araujo via Guest Post para o Portal Geledés
RESUME 
Lack of knowledge about Africa is also the disinterest of the teachers who reach extreme factors and refuse its own identity, one of the reasons for disinterest in addressing real issues on the history of Africa is the prejudice and religion of each teacher and school management, management such that in most cases, do not view the study of the history of his descendants as a compulsory subject, even though she was being recognized by Law 10.639 / 03, thus hampering the knowledge and the construction of a colonized culture.

Introdução 
Relatar sobre o tema história da África em sala de aula, encaramos algumas dificuldades, mas abordava o tema quando ministrava aulas. Preparar conteúdos sobre continente africano e compartilhar com os educandos em sala de aula é prazeroso, mesmo com as barreiras existentes.

Apesar da 2 obrigatoriedade do ensino de história da África na sala de aula ainda existem resistências por alguns educandos e do próprio corpo docente devido principalmente à religião de cada um, causando intransigência, quando deparados com a cultura africana, causando polêmicas em sala de aula e o não apoio da equipe gestora escolar. Mesmo com a recusa, ainda sim conseguimos por insistência chegar a um lugar magnifico de riqueza em conhecimento e cultura para que as barreiras culturais sejam quebradas com o esclarecimento do tema história da África.

Hoje, certamente as pessoas que admiram algo sobre o continente africano somente quando compartilham informações sobre o tema através dos noticiário fazendo julgamentos euro centristas, quaisquer publicação, seja em jornais revistas e ou rede sociais, são motivos para se colocar contra as ideias de tolerância ao racismo. 

Todo o estudante de qualquer licenciatura possui em sua na grade curricular a disciplina História Geral da África, mas depois de formados não aplicam a disciplina no seu cotidiano como educador, renegando sua descendência. Os docentes não contribuem para o conhecimento da cultura africana

Minhas palavras 
Por muito tempo ministrando aulas em escolas estaduais da periferia de São Paulo com instrumentos de trabalho precários, utilizando como único recurso lousa e giz, iniciava as aulas escrevendo a palavra África em letras garrafais, independentemente da desordem da sala os educandos paravam e me encaravam, devido a estranheza da palavra disseminavam a seguinte pergunta: África, o quem tem?
Ao perguntar aos educandos, qual o conhecimento ou o que entendiam sobre a cultura africana, obtive como resposta os absurdos que lhe foram informados somente pela mídia, sem fundamentos e ou verdade, os educandos tinham como conceito que a cultura africana era baseada em religião onde usaram o termo “macumba”, e pela fome que hoje assola o continente africano.
Para desconstruir essa visão 3 errônea sobre a cultura africana, eram criados debates em sala de aula, e o mais interessante, informar corretamente e simplesmente o que realmente significa, e o que é a cultura afro descendente, criando assim uma imagem perante aos alunos não somente de o professor de história e sim o professor de Cultura Africana.

Um fato interessante é que a dificuldade de se trabalhar sobre o tema África se dá principalmente por causa da religião e por falta de informação, cerca de 80% da população é de origem mulçumana, uma religião que se baseia no velho testamento bíblico, que é utilizado por mais de 2.000 religiões.

A falta de conhecimento sobre o continente não é culpa dos alunos, mas sim pelo descaso apresentado pelos docentes, é preferível abordar assuntos em que os alunos possuem um prévio conhecimento, ao invés de levar o educando a um mundo novo, conhecer o desconhecido, em relação aos seus próprios descendentes. Os docentes não contribuem para o conhecimento da cultura africana


Bibliografia 
Araujo, F. C. (12 de 12 de 2015). Especialista. (Professor, Artista) São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fanon, F. (05 de 10 de 2009). Mascaras Negra Pele Brancas. Mascas Negras Pele Brancas. São Paulo, SP, Brasil: EUFB.
obrigatoriedade do ensino de hitória da África na sala de aula., 10.639 (Diário Oficail da União .Brasilia DF. 10 de 01 de 2003).
1 Fabiano Correia de Araujo.
2 (obrigatoriedade do ensino de hitória da África na sala de aula., 2003)
3 (Fanon, 2009)



A lei 10.639 não pode ser incluída somente no currículo de história, por que é o que esta acontecendo nas escolas, os docentes também não são culpados pela falta de reconhecimento de nossa ancestralidade, acontece que vivemos em um processo de embranquecimento do nosso país desde que a escravidão foi abolida que criou um outro processo de negação do nosso passado africano e do nosso presente africano e pra que se descolonize este modelo euro centrista que esta sociedade criou e construiu não é da noite para o dia, talvez esse processo infelizmente seja muito mais lento, mas temos que ter a esperança e a iniciativa mais preparada dos orgãos e das políticas educacionais deste país para fortalecer e reconhecer nossas raízes africanas e indígenas que são totalmente invisíveis aos olhos da sociedade causando assim tantos preconceitos, racismo, sexismo e segregação da nossa cultura e arte afro brasileira.

Muito interessante a reflexão. Entretanto, não é correto afirmar que "Todo o estudante de qualquer licenciatura possui em sua na grade curricular a disciplina História Geral da África", já que eu mesma, embora tenha concluído pedagogia em 2010, não tive esta disciplina, e nem, depois como docente me foi ofertada alguma formação sobre o tema, o que de fato, é imprescindível, já que lidamos com questões raciais diariamente nas escolas. De fato, a questão religiosa dos docentes parece influenciar para a ausência de debate, no entanto não podemos acusar o docente como o único responsável, mas sim, a gestão educacional e a sociedade como um todo, que não pauta a questão da educação para as relações étnico-raciais como uma política pública para todos os estados da confederação.

Surama você resumiu o que aconteceu em nossa cultura, infelizmente a falta de conhecimento a respeito da cultura africana é fato e temos que rever a cada dia os nossos conceitos e preconceitos. Parabéns pela sua análise rica!

é isso ai Eloísa, temos que rever nossos conceitos e preconceitos! Abraços


Adorei, parabéns.

Eu tenho um projeto anual sobre a África! Postei alguns vídeos no Youtube....tive q editar, pois não posto fotos de alunos. A escola é Profª Zilah Barreto Pacitti de Atibaia.
O que se observa é que após os três ou quatro anos que seguiram a promulgação da Lei 10.639, que foram de ofensiva militante para fazer vingar essa grande conquista do MNB (lato sensu), começou a luta soturna da branquitude para apagar essa conquista.
A branquitude é esse pacto narcísico entre brancos, que necessariamente se estrutura na negação do racismo e desresponsabilização pela sua manutenção [Cf.Lia V. Schucman, p. 25]
A defesa e a luta para a aplicação da Lei 10.639 somente pode resultar de uma ação coletiva: as Associações de pais e Profs. para a defesa da Lei e das Culturas Afro-brasileiras.


Fabiano, deduzir que VC deixou a escola pública, mas partir como justificativa, jamais atacar ao desprezível governo tucano que torno a escola pública um terreno baldio. Temos problemas sim, mas a origem deles que é o fundamental, sempre é ignorada pelos pesquisadores que do seu conforto acadêmico, não olham o seu umbigo. Afinal, o que a academia racista e alienada contribuiu para isso?