quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Um pais terrivelmente desigual


Acesso a nível superior no Brasil é abaixo dos padrões internacionais
Publicado em 06/11/2019 - 10:04
Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro


Apesar de o acesso à educação infantil ter aumentado nos últimos anos, com a frequência escolar na faixa etária de até 3 anos subindo de 30,4%, em 2016, para 34,2% em 2018 e na idade de 4 e 5 anos ter passado de 90,2% para 92,4%, o acesso ao ensino superior continua muito restrito, estabilizado em 32,7% dos jovens de 18 a 24 anos estudando.

Os dados estão na pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2019, lançada hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisa as condições de vida da população brasileira.

Segundo a pesquisadora do IBGE Betina Fresneda, que integra a coordenação de Educação da SIS, a entrada dos jovens no ensino superior não está compatível com os padrões internacionais. Ela explica que as metas do Plano Nacional de Educação estabelecem para 2024 a proporção de 33% dos jovens cursando a faculdade na idade correta, enquanto em 2018 a taxa foi de 23,1%.

“A gente tem um residual da população jovem com ensino superior relativamente baixo, a gente tem que aumentar muito ainda a entrada dos jovens no ensino superior, não temos um padrão compatível com o padrão internacional, apesar de já ter garantido o acesso universal na educação básica”, argumentou.

Na faixa de 6 a 10 anos e de 11 a 14 anos, o acesso está praticamente universalizado, com 99,6% e 99,1% das crianças na escola. Já no ensino médio, com idade de 15 a 17 anos, a frequência cai para 88,2%, um leve aumento na comparação com 2016, quando 87,2% dos jovens nessa idade estavam estudando. De acordo com Betina, há 1,2 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola.

“O Brasil universalizou o acesso ao ensino fundamental só na década de 1990, vários países da América Latina já tinham passado por esse processo de expansão do sistema de ensino antes. Isso se reflete num atraso para você superar mais rapidamente essas defasagens de nível de instrução”, disse.

Nos indicadores sobre acesso à educação, a pesquisa mostra que 27,6% tinham alguma restrição em 2018. São consideradas aqui crianças e adolescentes de 6 a 14 anos que não frequentam escola, pessoas com mais de 15 anos analfabetas e maiores de 16 anos sem o ensino fundamental completo.

Analfabetismo
A pesquisa indica que o nível de instrução da população brasileira está melhorando, mas ainda está longe de patamares internacionais. Enquanto a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de pessoas de 25 a 64 anos que não concluíram o ensino médio é de 21,8%, no Brasil o índice é mais do que o dobro: 49%.

Para o ensino superior completo no grupo entre 25 e 34 anos, a média da OCDE é de 36% e no Brasil é de 19,7%.

O índice de analfabetismo no país está em 7,2%, uma queda na comparação com 2015, quando a taxa ficou em 8%. Naquele ano, o Brasil ocupava a quinta posição com a maior proporção de analfabetos na América Latina, à frente apenas de Guatemala, Honduras, El Salvador e República Dominicana.

O país da região com o menor índice de analfabetismo é Cuba, com 0,2%, seguido de Argentina, com 0,8% e Uruguai, que tem 1,5% da população analfabeta.


Divulgação/IBGE
Quanto ao salário inicial pago aos docentes, o Brasil está atrás de todos os países da OCDE, com um total anual de US$ 13.971 na educação básica. A média da OCDE é US$ 34.534, chegando perto de US$ 80 mil em Luxemburgo e acima de US$ 60 mil na Alemanha e na Suíça.

O Plano Nacional de Educação estabelece que até 2020 os docentes da educação básica da rede pública devem ter seus salários equiparados aos demais profissionais com formação equivalente. Porém, de acordo com o IBGE, a proporção era de 74,8% em 2017.

A pesquisa indica que, em 2018, 95,7% dos municípios brasileiros tinham aprovado um plano de carreira para os professores, mas 25,8% não tinham definido o piso salarial. E em 69,5% dos municípios a indicação dos diretores de escola seguia somente indicação política.

Desigualdade racial
A desigualdade racial do Brasil também se reflete no acesso à educação, principalmente ao ensino superior. Entre os jovens brancos de 18 a 24 anos, 55,7% não frequentam escola e não tem a etapa concluída, 8,2% frequentam a escola fora da etapa adequada e 36,1% estão na etapa adequada para a idade. Já entre os pretos e pardos, as proporções são de 68,9% fora da escola, 12,8% fora da etapa adequada e 18,3% na etapa adequada para a idade.

Quando se verifica a taxa de desocupação por cor ou raça, o IBGE comprova a desigualdade racial em todos os níveis de instrução, apesar dessa diferença diminuir com o aumento da escolaridade.

Na média, a desocupação entre as pessoas brancas fica em torno de 9,5% e entre as negras é de 14,1%. Na faixa sem instrução ou ensino fundamental incompleto, a taxa fica em 8,4% para os brancos e 12,7% para os negros, enquanto 5,5% das pessoas brancas com ensino superior estão sem trabalho e 7,1% das negras na mesma condição de ensino.

Na faixa com ensino fundamental completo ou ensino médio incompleto a proporção de desocupação é de 13,7% entre brancos e de 18,4% entre pretos e pardos e para quem tem ensino médio completo ou ensino superior incompleto a taxa é de 11,3% entre brancos e 15,4% entre negros.
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Edição: Kleber Sampaio
Tags: pesquisa IBGE

terça-feira, 9 de julho de 2019

Economia angolana


Economia angolana não dá sinais de vitalidade, analistas pedem medidas
julho 08, 2019
·             Manuel José







Quase a atingir o segundo ano de mandato de João Lourenço, a economia angolana não dá o salto que pretende, com a consultora internacional Focus Economics a rever em baixa o crescimento do país para 0,2 porcento e uma expansão económica do PIB para 2020 de 1,5 por cento.
O especialista em gestão de políticas públicas David Kissadila diz que
a Focus tem toda razão.



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                  Janela de Pop-up                     

"Estamos perante uma situação de teorização da economia em que o Governo apenas se apega a leis econômicas, mas a prática não faz o que teoriza", sublinha aquele economista, que sugere, como medidas, “a redução das importações e incentivo ao investimento privado para que haja aumento da produção e produtividade, ao mesmo tempo que o país poderá poupar divisas em áreas que não são necessárias, como na importação de alimentos que podem ser produzidos localmente, ao mesmo tempo que haverá mais empregos”.
Por seu lado, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), Jose Severino, coloca algumas reticências a este tipo de avaliações e quem avalia, mas defende maior celeridade em algumas medidas.
“Temos de nos virarmos para dentro do país, a época dos dólares acabou, agora é usar com racionalidade os poucos dólares que existem”, aponta Severino, quem defende maior “agressividade no investimento interno”.
No documento, enviado aos clientes, a FocusEconomics ressalva que "no início de 2019 uma deterioração adicional na indústria petrolífera parece ter abrandado o crescimento e acrescenta que "a produção de petróleo cambaleou até maio e as exportações provavelmente perderam o ímpeto na segunda metade do segundo trimestre com a descida dos preços".


https://www.voaportugues.com/a/economia-angolana-n%C3%A3o-d%C3%A1-sinais-de-vitalidade-analistas-pedem-medidas/4991432.html





terça-feira, 18 de junho de 2019

Oposição e economista



Angola não tem condições para aplicar o IVA - Oposição e economistas
junho 17, 2019
·         Manuel José










Angola não tem capacidade para aplicar o Imposto do Valor Acrescentado, IVA, que poderá também não ser uma solução adequada para os problemas fiscais do país, disseram membros da oposição e economistas.


O IVA deveria entrar em vigor a partir de 1 de julho, mas isso foi adiado para outubro.

O Grupo Técnico Empresarial (GTE) e o governo tiveram opiniões diferentes sobre a entrada em vigor do mesmo com o GTE a defender a data de 1 de janeiro de 2020.
Danda disse que é irrealista pensar-se em aplicar o IVA quando “nem se quer estamos preparados em instituições, formação técnica para o IVA”.
“Estamos a correr para quê?" interrogou.

O economista e deputado pela CASA-CE Manuel Fernandes disse por seu turno que o governo não possui sequer “alguns pressupostos básicos para a sua implementação …. como empresas com um sistema contabilístico bem organizado, sistema informático à altura e com energia elétrica em condições”.
“Se o estado tem pressa de ir ao bolso do cidadão então tem que fazer bem as coisas para o seu sucesso”, acrescentou.
Por seu turno o empresário José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola afirmou que antes de se aplicar o IVA é preciso “acautelar uma serie de pressupostos, para que o IVA não venha a agravar ainda mais a vida do cidadão”.

"O sistema é muito complicado, para se entrar tem que se investir em informática etc.

sistema contabilístico, isto não pode ser assim como se quer”, afirmou fazendo notar decisões que se têm que tomar em relação à aplicação dos impostos em sectores de saúde, educação, importação de matérias primas que actualmente estão isentas de impostos e outros.
O economista Precioso Domingos entende que Angolanem daqui a três anos estará pronta para receber o IVA.

"Angola não está preparado para implementação do IVA, nem mesmo em 2020, nem em 2021e não precisamos ter pressa,” afirmou, acrescentando que o seu receio é que o imposto sirva para causar uma maior regressão.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Cabo Verde aumenta produção de energia


Cabo Verde aumenta produção de energia renovável em 75% com projetos em curso – PM
05 JUNHO, 2019






As centrais de energia solar e eólica em desenvolvimento em Cabo Verde vão aumentar a capacidade de produção de energia renovável em 75%, afirmou o primeiro-ministro, que anunciou ainda o fornecimento de energia a toda a população até 2020.

Ulisses Correia e Silva falava durante a cerimônia de assinatura do contrato de Construção de uma Central Fotovoltaico em Calheta de São Miguel, com a empresa Tâmega Energy, que decorreu terça-feira, na Calheta de São Miguel, ilha de Santiago.

O chefe do Governo recordou ainda os outros dois projetos que se encontram em fase de apresentação de propostas: Eólica em São Domingos (10 megawatts) e solar na Boa Vista.

“Todos estes projetos em curso irão aumentar a nossa capacidade de produção renovável em cerca de 75%”, disse.

Ulisses Correia e Silva disse ainda que o acordo agora afirmado “significa uma contribuição importante para o aumento da produção de energia renovável e para a execução do plano de transição energética”.

A medida, acrescentou, tem “um impacto importante na dinamização do emprego, quer na fase de construção e instalação (100 empregos) quer na fase de operação e manutenção”.

O primeiro-ministro recordou ainda que, em 2018, a produção térmica reduziu em 3% e a produção global de energia renovável – solar e eólica – aumentou 20%.

“O plano é alcançar 30% de penetração das energias renováveis até 2025 e ultrapassar 50% em 2030”, referiu.

A Central Fotovoltaica em Calheta de São Miguel tem uma capacidade instalada de 10 megawatts e irá produzir cerca de 18 gigawatt/hora por ano.
Esta central vai ainda evitar a emissão de cerca de 12.500 toneladas equivalentes de dióxido de carbono (CO2) para o ambiente.



quinta-feira, 25 de abril de 2019

Tecnologia


Por que humanos têm medo de passar a mão na bunda de um robô?
É a conclusão de um estudo sério da Universidade de Stanford, acredite.
Um robô acaba de te pedir para tocar a bunda dele. E aí, você aceita?

Não há nada de estranho nisso, vai; você sabe que um robô não tem sentimentos ou uma bunda de verdade. Ele é só um monte de plástico e metal num formato mais ou menos humano. Quando robôs humanoides estiverem circulando pelos escritórios do futuro, ninguém deveria se sentir esquisito por tocar um robô nessa zona. Seria como tocar o cartucho de uma impressora… Certo?
Não muito. O que acabo de descrever é um experimento de verdade feito recentemente por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, liderados por Jamy Li, e que trouxe conclusões um tanto confusas sobre a maneira como vemos robôs. Ao que parece, para muitos de nós, os robôs não são como ferramentas inumanas.
"É muito comum que proprietários de um Roomba [um modelo de aspirador robótico] deem um nome a ele ou conversem com ele em casa", diz Li. "Mas ele também é mais do que uma torradeira. As pessoas não tratam suas torradeiras como bichos de estimação. Talvez haja uma conexão entre tocar um robô e desenvolver uma relação de intimidade com ele. Ele se torna mais do que um aparelho."
A conclusão foi que os humanos participantes do experimento se sentiram muito estranhos quando ouviram o pedido para tocar as partes íntimas de um robô e também quando o fizeram, o que foi medido pelo aumento da condutividade da pele– quando a pele brevemente aumenta sua capacidade de conduzir eletricidade –, o que os pesquisadores consideram um equivalente à excitação fisiológica. No total, o experimento pedia que participantes tocassem treze diferentes partes do corpo com níveis distintos de "acessibilidade". Em humanos, áreas como os olhos, a bunda e os genitais são consideradas menos acessíveis que, digamos, as mãos.
"A descoberta de que a sensação de tocar um robô afeta a fisiologia humana reforça a ideia de que robôs podem provocar fortes respostas sociais nas pessoas", escreveram os pesquisadores. "Essas respostas não são simplesmente um sinal de que eles entraram na brincadeira – elas ocorrem num nível fisiológico mais profundo." A pesquisa deles será apresentada na Anual International Communication Association Conferencie, em junho.
O robô em questão era um pequeno e adorável modelo Não – os pesquisadores dizem que ele se parece com "uma criança ou um brinquedo" –, o que torna a coisa toda ainda mais perturbadora.
Embora a equipe de pesquisadores não tenha avaliado a razão pela qual as pessoas pareceram reagir ao ato de tocar um robô ali de uma maneira semelhante à que esperaríamos que reagissem se tocassem outro humano, eles sugerem que a descoberta pode ser usada para criar robôs melhores. Um robô falante que pede para você tocar o ombro dele e mede a sua excitação fisiológica pode usar isso para medir como você se sente em relação a ele – quão "íntimo" você se sente – e reagir de acordo com isso.
Ou podemos só continuar a ser pervertidos com nossos pequenos amigos robôs, além de cobri-los. Em nome da ciência, você sabe.

Tradução: Danilo Venticinque 

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Acidente de Voo


Relatório isenta pilotos de culpa na queda do boeing da Ethiopian
Publicado em 04/04/2019 - 10:32
Por Agência Brasil*  Brasília

Caixões com um incenso durante a cerimônia de sepultamento das vítimas do desastre Ethiopian Airlines ET 302 na Igreja Ortodoxa da Santíssima Trindade, em Addis Abeba
Um relatório preliminar do governo da Etiópia, divulgado nessa quinta-feira (4) afirma que os pilotos do voo da Ethiopian Airlines que caiu após a decolagem, no mês passado, matando todas as 157 pessoas a bordo, seguiram os procedimentos recomendados pela fabricante da aeronave, mas mesmo assim não conseguiram evitar a queda."A tripulação realizou repetidas vezes todos os procedimentos fornecidos pelo fabricante, mas não conseguiu controlar a aeronave", afirmou a ministra dos Transportes da Etiópia, Dagmawit Moges, em Adis Abeba. O relatório foi elaborado com base nos registros do Boeing 737 MAX 8, acidentado no dia 10 de março.
"Uma falha seguida no software de controle automático de voo da aeronave fez com que o procedimento de parada fosse ativado, o que causou a queda da aeronave", afirmou Moges, atribuindo o acidente a uma falha técnica. Os investigadores avaliam o papel do controle de sistema de voo, conhecido como MCAS, que, em determinadas circunstâncias, podem fazer com que a frente, ou o "nariz" do avião, seja direcionada para baixo, a fim de evitar uma perda de sustentação aerodinâmica (estol).

Os investigadores etíopes não mencionaram diretamente o MCAS no relatório, mas recomendaram à Boeing que reavalie "o sistema de controle de voo relacionado à controlabilidade" da aeronave 737 MAX 8. A empresa americana fez correções no software, que ainda necessitam de aprovação das agências reguladoras nos Estados Unidos. Essas são as primeiras conclusões divulgadas após a investigação das caixas-pretas do avião, que está sendo feita na França.

Mais de 50 países interditaram seus espaços aéreos para aeronaves desse modelo ou viram suas companhias nacionais suspenderem o uso dos aviões. Essas decisões foram tomadas em razão das preocupações com essas aeronaves, após a queda do voo da Ethiopian Airlines e de outro acidente semelhante ocorrido menos de seis meses antes, com um voo da companhia indonésia Lion Air, que deixou 189 mortos. Os dois aviões caíram minutos depois de decolar.
A Boeing está sendo investigada pelos departamentos de Justiça e de Transportes dos Estados Unidos, além de comitês do Congresso americano. As investigações também avaliam o papel da Administração Federal de Aviação dos EUA, que aprovou o 737 MAX em 2017 e se recusou a proibir sua utilização após o primeiro acidente com o avião em outubro.
O 737 é o avião de passageiros moderno mais vendido no mundo e é considerado um dos mais confiáveis. A série MAX, lançada em 2017, é a versão mais recente do bimotor de corredor único da Boeing e já recebeu mais de 5 mil pedidos de cerca de 100 clientes. A série é mais eficiente em termos de combustível, em comparação com seus antecessores, e há quatro variantes: MAX 7, MAX 8, MAX 9 e MAX 10, que podem transportar entre 138 e 204 passageiros e foram projetadas para voos de curta e média distância.
*Da Deutsche Welle (agência pública da Alemanha)

 Edição: Graça Adjuto