Os docentes não
contribuem para o conhecimento da cultura africana
Republicamos este texto para Angola porque é um vislumbre do que
acontece no Brasil. Não há um posicionamento real sobre como entendemos ou
vemos a África. Mesmo entre as elites engras ainda não há consenso. Vivemos num estado racista e
segregador que insiste em não reconhecer
suas origens. É um trabalho espetacular, mantive os comentários porque complementam
as ideias descritas.
Resumo
O desconhecimento sobre África vem também pelo desinteresse dos
docentes, que atingem fatores extremos e recuso a sua própria identidade, um
dos motivos do desinteresse em abordar assuntos reais sobre a história da
África é o preconceito e a religião de cada docente e a gestão escolar, gestão
essa em que na maioria dos casos, não encaram o estudo da história de seus
descendentes como disciplina obrigatória, mesmo ela estando sendo reconhecida
pela Lei 10.639/03, prejudicando assim o conhecimento e a construção de uma
cultura colonizada.
RESUME
Lack of
knowledge about Africa is also the disinterest of the teachers who reach
extreme factors and refuse its own identity, one of the reasons for disinterest
in addressing real issues on the history of Africa is the prejudice and
religion of each teacher and school management, management such that in most
cases, do not view the study of the history of his descendants as a compulsory
subject, even though she was being recognized by Law 10.639 / 03, thus
hampering the knowledge and the construction of a colonized culture.
Introdução
Relatar sobre o tema história da África em sala de aula, encaramos
algumas dificuldades, mas abordava o tema quando ministrava aulas. Preparar
conteúdos sobre continente africano e compartilhar com os educandos em sala de
aula é prazeroso, mesmo com as barreiras existentes.
Apesar da 2 obrigatoriedade do ensino de história da África na sala de
aula ainda existem resistências por alguns educandos e do próprio corpo docente
devido principalmente à religião de cada um, causando intransigência, quando
deparados com a cultura africana, causando polêmicas em sala de aula e o não
apoio da equipe gestora escolar. Mesmo com a recusa, ainda sim conseguimos por
insistência chegar a um lugar magnifico de riqueza em conhecimento e cultura
para que as barreiras culturais sejam quebradas com o esclarecimento do tema
história da África.
Hoje, certamente as pessoas que admiram algo sobre o continente africano
somente quando compartilham informações sobre o tema através dos noticiário
fazendo julgamentos euro centristas, quaisquer publicação, seja em jornais
revistas e ou rede sociais, são motivos para se colocar contra as ideias de
tolerância ao racismo.
Todo o estudante de qualquer licenciatura possui em sua na grade
curricular a disciplina História Geral da África, mas depois de formados não
aplicam a disciplina no seu cotidiano como educador, renegando sua
descendência. Os docentes não contribuem para o conhecimento da cultura
africana
Minhas palavras
Por muito tempo ministrando aulas em escolas estaduais da periferia de
São Paulo com instrumentos de trabalho precários, utilizando como único recurso
lousa e giz, iniciava as aulas escrevendo a palavra África em letras garrafais,
independentemente da desordem da sala os educandos paravam e me encaravam,
devido a estranheza da palavra disseminavam a seguinte pergunta: África, o quem
tem?
Ao perguntar aos educandos, qual o conhecimento ou o que entendiam sobre
a cultura africana, obtive como resposta os absurdos que lhe foram informados
somente pela mídia, sem fundamentos e ou verdade, os educandos tinham como
conceito que a cultura africana era baseada em religião onde usaram o termo
“macumba”, e pela fome que hoje assola o continente africano.
Para desconstruir essa visão 3 errônea sobre a cultura
africana, eram criados debates em sala de aula, e o mais interessante, informar
corretamente e simplesmente o que realmente significa, e o que é a cultura afro
descendente, criando assim uma imagem perante aos alunos não somente de o
professor de história e sim o professor de Cultura Africana.
Um fato interessante é que a dificuldade de se trabalhar sobre o tema
África se dá principalmente por causa da religião e por falta de informação,
cerca de 80% da população é de origem mulçumana, uma religião que se baseia no
velho testamento bíblico, que é utilizado por mais de 2.000 religiões.
A falta de conhecimento sobre o continente não é culpa dos alunos, mas
sim pelo descaso apresentado pelos docentes, é preferível abordar assuntos em
que os alunos possuem um prévio conhecimento, ao invés de levar o educando a um
mundo novo, conhecer o desconhecido, em relação aos seus próprios descendentes.
Os docentes não contribuem para o conhecimento da cultura africana
Bibliografia
Araujo, F. C. (12 de 12 de 2015). Especialista. (Professor,
Artista) São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fanon, F. (05 de 10 de 2009). Mascaras Negra Pele
Brancas. Mascas Negras Pele Brancas. São Paulo, SP, Brasil: EUFB.
obrigatoriedade do ensino de hitória da África na
sala de aula., 10.639 (Diário Oficail da União .Brasilia DF. 10 de 01 de 2003).
1 Fabiano Correia de Araujo.
2 (obrigatoriedade do ensino de hitória da África
na sala de aula., 2003)
3 (Fanon, 2009)
Tags: cultura africana · Educação · Guest Post · lei 10.639/03
A lei 10.639 não
pode ser incluída somente no currículo de história, por que é o que esta
acontecendo nas escolas, os docentes também não são culpados pela falta de
reconhecimento de nossa ancestralidade, acontece que vivemos em um processo de
embranquecimento do nosso país desde que a escravidão foi abolida que criou um
outro processo de negação do nosso passado africano e do nosso presente
africano e pra que se descolonize este modelo euro centrista que esta sociedade
criou e construiu não é da noite para o dia, talvez esse processo infelizmente
seja muito mais lento, mas temos que ter a esperança e a iniciativa mais preparada
dos orgãos e das políticas educacionais deste país para fortalecer e reconhecer
nossas raízes africanas e indígenas que são totalmente invisíveis aos olhos da
sociedade causando assim tantos preconceitos, racismo, sexismo e segregação da
nossa cultura e arte afro brasileira.
Muito interessante
a reflexão. Entretanto, não é correto afirmar que "Todo o estudante de
qualquer licenciatura possui em sua na grade curricular a disciplina História
Geral da África", já que eu mesma, embora tenha concluído pedagogia em
2010, não tive esta disciplina, e nem, depois como docente me foi ofertada
alguma formação sobre o tema, o que de fato, é imprescindível, já que lidamos
com questões raciais diariamente nas escolas. De fato, a questão religiosa dos
docentes parece influenciar para a ausência de debate, no entanto não podemos acusar
o docente como o único responsável, mas sim, a gestão educacional e a sociedade
como um todo, que não pauta a questão da educação para as relações
étnico-raciais como uma política pública para todos os estados da confederação.
Surama você resumiu
o que aconteceu em nossa cultura, infelizmente a falta de conhecimento a respeito
da cultura africana é fato e temos que rever a cada dia os nossos conceitos e
preconceitos. Parabéns pela sua análise rica!
é isso ai Eloísa,
temos que rever nossos conceitos e preconceitos! Abraços
PROJETO ÁFRICA NO
YOUTUBE - https://www.youtube.com/watch?v=TIfyQGadTTA ehttps://www.youtube.com/watch?v=f4bHZaDqAHs
Adorei, parabéns.
Eu tenho um projeto
anual sobre a África! Postei alguns vídeos no Youtube....tive q editar, pois
não posto fotos de alunos. A escola é Profª Zilah Barreto Pacitti de Atibaia.
O que se observa é
que após os três ou quatro anos que seguiram a promulgação da Lei 10.639, que
foram de ofensiva militante para fazer vingar essa grande conquista do MNB
(lato sensu), começou a luta soturna da branquitude para apagar essa conquista.
A branquitude é esse pacto narcísico entre brancos, que necessariamente se estrutura na negação do racismo e desresponsabilização pela sua manutenção [Cf.Lia V. Schucman, p. 25]
A defesa e a luta para a aplicação da Lei 10.639 somente pode resultar de uma ação coletiva: as Associações de pais e Profs. para a defesa da Lei e das Culturas Afro-brasileiras.
A branquitude é esse pacto narcísico entre brancos, que necessariamente se estrutura na negação do racismo e desresponsabilização pela sua manutenção [Cf.Lia V. Schucman, p. 25]
A defesa e a luta para a aplicação da Lei 10.639 somente pode resultar de uma ação coletiva: as Associações de pais e Profs. para a defesa da Lei e das Culturas Afro-brasileiras.
Fabiano, deduzir
que VC deixou a escola pública, mas partir como justificativa, jamais atacar ao
desprezível governo tucano que torno a escola pública um terreno baldio. Temos
problemas sim, mas a origem deles que é o fundamental, sempre é ignorada pelos
pesquisadores que do seu conforto acadêmico, não olham o seu umbigo. Afinal, o
que a academia racista e alienada contribuiu para isso?
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