quinta-feira, 25 de abril de 2019

Tecnologia


Por que humanos têm medo de passar a mão na bunda de um robô?
É a conclusão de um estudo sério da Universidade de Stanford, acredite.
Um robô acaba de te pedir para tocar a bunda dele. E aí, você aceita?

Não há nada de estranho nisso, vai; você sabe que um robô não tem sentimentos ou uma bunda de verdade. Ele é só um monte de plástico e metal num formato mais ou menos humano. Quando robôs humanoides estiverem circulando pelos escritórios do futuro, ninguém deveria se sentir esquisito por tocar um robô nessa zona. Seria como tocar o cartucho de uma impressora… Certo?
Não muito. O que acabo de descrever é um experimento de verdade feito recentemente por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, liderados por Jamy Li, e que trouxe conclusões um tanto confusas sobre a maneira como vemos robôs. Ao que parece, para muitos de nós, os robôs não são como ferramentas inumanas.
"É muito comum que proprietários de um Roomba [um modelo de aspirador robótico] deem um nome a ele ou conversem com ele em casa", diz Li. "Mas ele também é mais do que uma torradeira. As pessoas não tratam suas torradeiras como bichos de estimação. Talvez haja uma conexão entre tocar um robô e desenvolver uma relação de intimidade com ele. Ele se torna mais do que um aparelho."
A conclusão foi que os humanos participantes do experimento se sentiram muito estranhos quando ouviram o pedido para tocar as partes íntimas de um robô e também quando o fizeram, o que foi medido pelo aumento da condutividade da pele– quando a pele brevemente aumenta sua capacidade de conduzir eletricidade –, o que os pesquisadores consideram um equivalente à excitação fisiológica. No total, o experimento pedia que participantes tocassem treze diferentes partes do corpo com níveis distintos de "acessibilidade". Em humanos, áreas como os olhos, a bunda e os genitais são consideradas menos acessíveis que, digamos, as mãos.
"A descoberta de que a sensação de tocar um robô afeta a fisiologia humana reforça a ideia de que robôs podem provocar fortes respostas sociais nas pessoas", escreveram os pesquisadores. "Essas respostas não são simplesmente um sinal de que eles entraram na brincadeira – elas ocorrem num nível fisiológico mais profundo." A pesquisa deles será apresentada na Anual International Communication Association Conferencie, em junho.
O robô em questão era um pequeno e adorável modelo Não – os pesquisadores dizem que ele se parece com "uma criança ou um brinquedo" –, o que torna a coisa toda ainda mais perturbadora.
Embora a equipe de pesquisadores não tenha avaliado a razão pela qual as pessoas pareceram reagir ao ato de tocar um robô ali de uma maneira semelhante à que esperaríamos que reagissem se tocassem outro humano, eles sugerem que a descoberta pode ser usada para criar robôs melhores. Um robô falante que pede para você tocar o ombro dele e mede a sua excitação fisiológica pode usar isso para medir como você se sente em relação a ele – quão "íntimo" você se sente – e reagir de acordo com isso.
Ou podemos só continuar a ser pervertidos com nossos pequenos amigos robôs, além de cobri-los. Em nome da ciência, você sabe.

Tradução: Danilo Venticinque 

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Acidente de Voo


Relatório isenta pilotos de culpa na queda do boeing da Ethiopian
Publicado em 04/04/2019 - 10:32
Por Agência Brasil*  Brasília

Caixões com um incenso durante a cerimônia de sepultamento das vítimas do desastre Ethiopian Airlines ET 302 na Igreja Ortodoxa da Santíssima Trindade, em Addis Abeba
Um relatório preliminar do governo da Etiópia, divulgado nessa quinta-feira (4) afirma que os pilotos do voo da Ethiopian Airlines que caiu após a decolagem, no mês passado, matando todas as 157 pessoas a bordo, seguiram os procedimentos recomendados pela fabricante da aeronave, mas mesmo assim não conseguiram evitar a queda."A tripulação realizou repetidas vezes todos os procedimentos fornecidos pelo fabricante, mas não conseguiu controlar a aeronave", afirmou a ministra dos Transportes da Etiópia, Dagmawit Moges, em Adis Abeba. O relatório foi elaborado com base nos registros do Boeing 737 MAX 8, acidentado no dia 10 de março.
"Uma falha seguida no software de controle automático de voo da aeronave fez com que o procedimento de parada fosse ativado, o que causou a queda da aeronave", afirmou Moges, atribuindo o acidente a uma falha técnica. Os investigadores avaliam o papel do controle de sistema de voo, conhecido como MCAS, que, em determinadas circunstâncias, podem fazer com que a frente, ou o "nariz" do avião, seja direcionada para baixo, a fim de evitar uma perda de sustentação aerodinâmica (estol).

Os investigadores etíopes não mencionaram diretamente o MCAS no relatório, mas recomendaram à Boeing que reavalie "o sistema de controle de voo relacionado à controlabilidade" da aeronave 737 MAX 8. A empresa americana fez correções no software, que ainda necessitam de aprovação das agências reguladoras nos Estados Unidos. Essas são as primeiras conclusões divulgadas após a investigação das caixas-pretas do avião, que está sendo feita na França.

Mais de 50 países interditaram seus espaços aéreos para aeronaves desse modelo ou viram suas companhias nacionais suspenderem o uso dos aviões. Essas decisões foram tomadas em razão das preocupações com essas aeronaves, após a queda do voo da Ethiopian Airlines e de outro acidente semelhante ocorrido menos de seis meses antes, com um voo da companhia indonésia Lion Air, que deixou 189 mortos. Os dois aviões caíram minutos depois de decolar.
A Boeing está sendo investigada pelos departamentos de Justiça e de Transportes dos Estados Unidos, além de comitês do Congresso americano. As investigações também avaliam o papel da Administração Federal de Aviação dos EUA, que aprovou o 737 MAX em 2017 e se recusou a proibir sua utilização após o primeiro acidente com o avião em outubro.
O 737 é o avião de passageiros moderno mais vendido no mundo e é considerado um dos mais confiáveis. A série MAX, lançada em 2017, é a versão mais recente do bimotor de corredor único da Boeing e já recebeu mais de 5 mil pedidos de cerca de 100 clientes. A série é mais eficiente em termos de combustível, em comparação com seus antecessores, e há quatro variantes: MAX 7, MAX 8, MAX 9 e MAX 10, que podem transportar entre 138 e 204 passageiros e foram projetadas para voos de curta e média distância.
*Da Deutsche Welle (agência pública da Alemanha)

 Edição: Graça Adjuto