terça-feira, 29 de setembro de 2015

O Brasil e seu apartheid doloroso



Revistas excluem adolescentes negras: 'Estou no Brasil, mas me sinto na Rússia'
Isabela Reis* Especial para a BBC Brasil -  SET 2014
A pedido da BBC Brasil, a estudante de Jornalismo Isabela Reis analisou o conteúdo de três revistas voltadas para o público adolescente em busca de exemplos concretos da falta de representatividade de meninas negras na mídia. O artigo abaixo faz parte de um especial que busca dar voz a jovens nos principais debates que mexem com o Brasil.


A invisibilidade dos negros na mídia brasileira não é assunto novo, mas as revistas para o público adolescente revelam um quadro cruel de exclusão. Em um país onde 57,8% das meninas de 10 a 19 anos se declaram pretas ou pardas (categorias cuja soma é comumente usada para medir a população negra), as publicações juvenis não as enxergam. Somente as brancas estão nas páginas. Não há diversidade.

É difícil crescer lidando com produtos que não te contemplam. Como explicar para uma pré-adolescente negra, em plena formação de identidade, que ela é bonita, se a revista preferida ignora seu tom de pele? Como enaltecer a beleza afro, se o conteúdo estimula o embranquecimento? Como acreditar que o crespo é normal, se as reportagens só exibem cabelos lisos? Estamos no século 21 e parece que paramos no tempo. Nós queremos existir.

As edições de agosto das três principais revistas para adolescentes do país omitem a população negra. Atrevida, Capricho e Todateen: 294 páginas, apenas cinco fotos de adolescentes pretas ou pardas. Na Capricho, uma imagem estava num anúncio; outra apresentava a nova integrante da equipe de leitoras que colaboram com a revista. Na Todateen, duas fotos estavam no mural de fãs; a terceira, como na concorrente, era da equipe de colaboradoras. E só. A Atrevida não trouxe uma adolescente negra. As cantoras e atrizes pretas ou pardas conseguiram espaço nas publicações pela fama, não pela cor. Foram 114 páginas de padronização e exclusão.

As redações sabem da composição do público. Quatro das cinco imagens foram enviadas por leitoras negras. Elas compram, leem, se interessam, interagem, participam, colaboram. Elas estão presente e são ignoradas. Não havia um editorial de moda com modelos negras, uma seção de penteados para cabelos cacheados e crespos ou uma dica de maquiagem para pele negra. As revistas abordam bullying, sexo, masturbação, compulsões, vícios, sempre com personagens brancas, como se as questões não afetassem ou não interessassem as negras.

Image caption Isabela analisou as edições de agosto de três revistas voltadas para adolescentes no Brasil. 

O racismo também não foi pauta. Estamos em 2014, as pessoas ainda xingam negros de "macaco" e a juventude negra está sendo massacrada. O Mapa da Violência 2014, da Flacso Brasil, denunciou aumento de 32,4% nos homicídios de negros de 15 a 24 anos entre 2002 e 2012. Para cada jovem branco que morre, 2,7 jovens negros perdem a vida. E ninguém toca no assunto.

As revistas não responderam às tentativas de contato. Se retornassem, conseguiriam justificar? É possível explicar a predominância das brancas nas páginas, quando elas são apenas uma parte das meninas de 10 a 19 anos? Se houvesse lógica nos números, 57,8% das imagens deveriam ser de meninas negras. Não é o que acontece.

Somos aproximadamente 9,7 milhões de cores, de cabelos com personalidade própria, de bocas grandes, de narizes largos, de sorrisos lindos, de leitoras, de público que vai pagar pelas revistas, de lucro. E ainda assim, não estamos lá. A mídia nos vende uma realidade que não existe. Vivemos no Brasil, o país da miscigenação. Ao abrir uma revista, me sinto na Rússia.

É cruel com as crianças que crescem com o sentimento de não pertencer ao universo apresentado nas revistas. É cruel com as adolescentes que se convencem que, ao alisar o cabelo e parar de tomar sol, vão se encaixar no padrão irreal. É cruel com as famílias que precisam trabalhar em dobro para promover a aceitação. Deviam ter as revistas como aliadas, mas elas são, na verdade, um desserviço.
*Isabela Reis é estudante de Comunicação Social da UFRJ e tem 18 anos

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

o Brasil enfrenta uma crise limite

UMA SEMANA DE
MAS NOTICIAS
ECONÔMICAS








Foi assim no Brasil - Semana passada foi  o cemitério ou o necrotério de qualquer projeção saudável para o Brasil. Tudo que não era para acontecer e que aumentaria a volatilidade da economia, aconteceu.  O fator  mais cruel para a percepção da crise foi o aumento seguido e implacável da moeda americana.

E é realmente um dos maiores problemas não apenas para o Brasil. O mundo inteiro sofre com a desvalorização do  yuan. E sofre ainda mais com a possível subida da taxa de  juros americana. Aumento da taxa de juros nos Estados Unidos funciona como um sugador de recursos  em todo o mundo. Devido a sua estabilidade monetária e histórico de confiança resistente, os americanos gozam do privilegio de serem exportadores de crises e momentos econômicos ruins e importadores das desvantagens de parceiros e rivais.

Efeitos nocivos sobre o elevado endividamento da Petrobras que o dólar neste valor traz, chega a aumento de até 74,8 bilhões de reais. A divida da Petrobras é em dólares ou outras moedas, o que expõe ainda mais a estatal. Sua receita também é atrelada, ocorre que não aumenta na  mesma velocidade.

O risco é a caminhada do dólar para os R$4,00 reais. Tudo no pais pode explodir, até sua receita de exportações, o que não seria mau.

Disputa por dólares
Na sexta feira havia negociações apertadas entre as varias corretoras e seus clientes. O dólar turismo chegou a R$4,08. Houve quem desse desconto de até 1% na cotação em compras feitas pela internet.


O que podemos aguardar dessa semana que terá apenas 4 dias úteis não se sabe. A crise politico só agrava, mediante abertura de novas investigações dentro do núcleo duro do  governo, os ministros Aloisio Mercadante e Edinho Silva, denunciados pelo dono da UTC Ricardo Pessoa.