quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Racismo e covardia

Assassinatos negros expõem racismo






 Para Átila Roque, não há solução mágica para a segurança pública no país.





O assassinato de jovens negros na periferia das cidades expõe o racismo e a violência da sociedade brasileira, afirmou o diretor executivo da Anistia Internacional, Átila Roque. A organização destaca que, segundo dados do Mapa da Violência 2012, dos 56 mil assassinatos registrados no país, 30 mil são de jovens entre 15 e 29 anos. Destes, 77% são negros.

Segundo Roque, a violência sempre teve papel-chave na busca da ordem pelo Estado e está profundamente arraigada na forma como a sociedade distribui o poder. Ele disse que, apesar de o Brasil não se ver como um país racista, a cor influencia no tratamento que se dá ao cidadão. “O Estado, que detém o monopólio da força, acaba sendo violador de direitos e abusa da força letal”, disse o diretor em debate feito na Matilha Cultural, na capital paulista.

Para Átila Roque, não há solução mágica para a segurança pública no país. É preciso primeiro quebrar o ciclo de impunidade e romper com a lógica da guerra, na qual a busca é por eliminar o inimigo.

A fundadora do Movimento Mães de Maio, Débora Maria, lamentou a criminalização dos jovens e criticou a tentativa de se legitimar mortes com o argumento de que a vítima tinha passagem pela polícia. Ela, que teve o filho assassinado em maio de 2006, disse que basta ser pobre e morar na periferia para morrer.

A defensora pública Daniela Skromov Albuquerque afirmou que as mortes causadas por policiais militares costumam ter um roteiro padronizado, em que o suspeito atira e o policial reage em legítima defesa. Ela ressaltou que uma função da Polícia Militar é preservar a vida.

Daniela lembrou que muitos casos registrados como morte decorrente de intervenção policial, conhecidos como auto de resistência, trazem múltiplos disparos de arma de fogo em regiões vitais, muitas vezes nas costas, e sem registro de policiais feridos ou viaturas atingidas, o que eliminaria uma versão de confronto ou troca de tiros. Ela disse ainda que a falta de depoimentos de testemunhas e cenas de crimes alteradas prejudicam as investigações e dificultam as punições



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Negros do mundo, antes de vir ao Brasil, informem-se: temos apartheid, somos racistas, violentos e preconceituosos



Atraídos por uma ‘vida melhor’, haitianos dão de cara com preconceito e abusos no Brasil

Geledés Categoria » África e sua diáspora

 (Photo by Michel Filho/Globo via Getty Images)




Se você quer, pega. Se não quer, não quer”. Foi assim que Alix Mustivas, de 26 anos, foi tratado pelo patrão após se machucar enquanto trabalhava na construção civil. Após fraturar a coluna o braço em dois lugares durante o trabalho – sem carteira assinada – o dono da empresa ofereceu R$ 300 ao jovem. “Eu disse que minha vida não valia R$ 300”.
no HuffPost Brasil  por  Gabriela Bazzo 



Mustivas, que teve o apoio de entidades sindicais catarinenses para receber, durante um mês, auxílio do INSS, conta que ficou dois dias sem levantar e andar. “Depois de uma semana consegui caminhar e levantar sozinho”, afirma.

Haitiano, ele está há mais de um ano entre Curitiba e Santa Catarina. Mustivas veio ao Brasil em busca de oportunidades melhores do que as que encontrava no país de origem, que ainda se recupera de um devastador terremoto, que atingiu a nação em 2010.

“Eu trabalhei em um condomínio em Santa Catarina, mas depois da temporada não precisavam mais de serviço”, conta ele, que então conseguiu um novo emprego, no setor de construção civil, sem dificuldades.

“O chefe pagava R$ 70 por dia, mas não queria assinar a carteira de trabalho.Ele dizia que ia assinar na semana seguinte, mas nunca assinava. Eu estava em uma situação que tinha que pagar aluguel, ajudar minha filha, não podia ficar parado”, conta ele, pai de uma garota de 7 anos que mora com os avós maternos no Haiti.

Atualmente, ele mora em Curitiba – “achei que lá teria mais gente para cuidar de mim”, contou – onde tem uma banda e trabalha como segurança em uma universidade particular.

Mustivas é, de acordo com dados da Polícia Federal, um dos 65 mil haitianos que chegaram ao Brasil entre 2011 e novembro de 2015.

Não há dados precisos sobre quantos haitianos vivam em Santa Catarina, mas as estimativas giram em torno de 6.000 pessoas.

“O indicativo que se tem é que em 2013, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, os haitianos tornaram-se o grupo de trabalhadores imigrantes em SC, de maior presença no mercado formal”, explica a professora Gláucia Assis, coordenadora do Observatório das Migrações de Santa Catarina, ligado à UDESC.

Em Santa Catarina, nos cinco primeiros meses do ano passado, foram emitidas 2.259 carteiras de trabalho para haitianos, mais do que o dobro do registrado ao longo de 2014: 986.

Gláucia aponta para a configuração de redes sociais, que fazem com que um imigrante “puxe” o outro para determinada cidade.

“Esse incremento da presença de haitianos no estado se deve ao fato de que a maioria quando chegou encontrou trabalho, antes da intensificação da crise econômica, e a principalmente ao fato de que os imigrantes uma vez estabelecidos e encontrando trabalho tendem a passar essa informação a amigos e parentes que vem para onde já há algum conhecido estabelecido e posso ajudar a encontrar emprego e moradia.” 

Foi a perspectiva de um emprego e a possibilidade de avançar nos estudos que levaram Alexandre Bladimy, de 28 anos, a Balneário Camboriú. Antes, ele trabalhou em um frigorífico no Rio Grande do Sul.

“Foi um momento muito duro para mim, pois meu coração não compartilha com esse tipo de lugar, com sangue, com sofrimento. Tenho um coração muito sensível”, conta ele, que trabalhou por um ano e pediu para ser mandado embora.

Após um ano sem emprego, o jovem começou a cursar Relações Internacionais na Universidade do Vale do Itajaí, onde trabalha na Secretaria de Inclusão, com o atendimento a conterrâneos.

Ele, que trabalhava como gerente de uma escola técnica no Haiti e dava aulas de idiomas, critica a falta de políticas públicas voltadas aos haitianos.

“O governo está promovendo uma política externa para trazer mais haitianos para o Brasil, mas não tem nada de políticas públicas para os haitianos aqui”, conta ele, que afirma ter sido convidado para vir ao país, mesmo com um bom emprego no Haiti , e agora se prepara para voltar ao país de origem. 

“Lá não estava muito ruim para mim. Eu ganhava bem, tanto que paguei minha passagem. Uma grande parte dos haitianos vem para procurar trabalho, mas eu tinha uma vida boa lá. O que me motivou a vir foi a boa oferta, eu esperava oportunidades melhores aqui, principalmente em avançar nos estudos.”


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Folia, folia



Sambódromo tem movimentação recorde durante desfiles do Grupo Especial

  • 10/02/2016 15h03
  • Rio de Janeiro
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil



 
A movimentação no Sambódromo do Rio de Janeiro nas noites de domingo (7) e segunda-feira (8), quando desfilaram as Escolas de Samba do Grupo Especial, reuniu público recorde em torno de 120 mil pessoas em cada noite, de acordo com dados divulgados hoje (10) pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Liesa.

“Esse é o público total circulando pelo Sambódromo”, salientou o coordenador-geral de Vendas da Liesa, Heron Schneider. Isso corresponde a 76,5 mil espectadores, aos quais se somaram 18 mil credenciados das áreas de serviço, imprensa e organização, cerca de 18 mil desfilantes em seis escolas entrando e saindo da Passarela do Samba, além de 4 mil pessoas na arquibancada zero, próximo da concentração. “Só isso aí já chega a 120 mil pessoas”, reforçou.

Schneider destacou que a movimentação deste ano foi a maior, desde a inauguração do Sambódromo, em 1984. Até 2011, o Sambódromo do Rio só tinha um lado de arquibancadas. Em 2012, após a derrubada dos camarotes do antigo Setor 2, foram inauguradas arquibancadas do lado par da Passarela do Samba. “Só que desde que foram reinauguradas essas arquibancadas, nunca tinha conseguido vender todos os lugares. Este ano foi o primeiro que vendeu tudo. Então é o recorde dos recordes”, comemorou Schneider.

O coordenador-geral fez uma crítica velada àqueles que se posicionaram contra o carnaval em função da atual crise econômica do país. “Essa festa não tem crise, não tem (vírus) Zika, não tem nada. É a maior festa do mundo”, garantiu.
A expectativa da Liesa é de que, na noite do desfile das campeãs, no próximo sábado (13), os 76,5 mil ingressos serão vendidos. “Se vender tudo, nós deveremos ter de novo 120 mil pessoas movimentando o Sambódromo”.
Edição: Denise Griesinger