Denúncias
de fraudes na merenda levam estudantes a reocupar escola em São Paulo
- 30/04/2016 12h43
- São Paulo
Daniel
Mello - Repórter da Agência Brasil
A Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros,
na zona oeste paulistana, voltou a ser ocupada em protesto contra denúncias de
corrupção em contratos de merenda Daniel Mello/Agência Brasil
Durante a madrugada de hoje (30),
estudantes voltaram a ocupar a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros,
na zona oeste paulistana. O colégio havia sido um dos primeiros locais tomados
pelos jovens durante a mobilização iniciada no fim de 2015 contra a
reorganização escolar proposta pelo governo estadual. O prédio ficou sob
controle dos secundaristas do dia 10 de novembro até o dia 4 de janeiro deste
ano.
O grupo entrou na escola por
volta das 2h40 de hoje e pretende permanecer no local por tempo indeterminado.
Os estudantes protestam contra a falta de merenda e as denúncias de corrupção
nos contratos da alimentação dos alunos da rede estadual. Na tarde da última
quinta-feira (28), os secundaristas já haviam ocupado o Centro Paula Souza,
autarquia responsável pela administração do ensino técnico no estado.
Os jovens também acusam o governo
de São Paulo de ter mantido disfarçadamente o processo de reorganização escolar
que foi suspenso após a mobilização do ano passado. “Também tem o fechamento de
salas, foram mais de 1,3 mil no estado. Períodos fechados. Aluno que teve de
mudar de escola ou de turno. Na [escola] Fernão Dias, dois segundos anos [duas
turmas do ensino médio] tiveram que ir para o turno da noite porque não tinha o
turno da tarde”, disse a estudante Manuela Day, de 15 anos, ao falar sobre as
reivindicações do movimento.
O processo de reorganização que
seria implantado pelo governo do estado previa o fechamento de 93 escolas e a
transferência de 311 mil alunos para instituições e turnos diferentes. As
medidas foram interrompidas após a série de protestos e ocupações.
De manhã, continuavam a chegar
mais estudantes para fortalecer a ocupação da escola. Alguns pais e simpatizantes
traziam sacolas com alimentos. A expectativa era a de haver uma assembleia para
decidir os rumos do movimento. “Agora, tá todo mundo dormindo lá dentro.
Estamos com cerca de 80 pessoas. A gente está descansando um pouco para poder
conversar, reunir comissões”, disse Manuela, que é aluna da Escola Godofredo
Furtado, também na zona oeste.
A Polícia Militar faz ronda
constante com viaturas no entorno da escola. Segundo Manuela, durante a
madrugada os policiais usaram spray de pimenta para tentar conter a ação
dos jovens.
Os estudantes continuam se
articulando e, de acordo com Manuela, pode haver novas ocupações em breve. No
ano passado, cerca de 200 escolas chegaram a ser tomadas pelos jovens.
Fraudes
Uma força-tarefa da Polícia Civil
e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia
19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de
prefeituras e do governo paulista. Segundo o Grupo de Atuação Especial de
Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na
contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos
sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os
promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.
Edição: Graça
Adjuto
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