quarta-feira, 14 de março de 2018

O povo cubano e seu destino

Eleições em Cuba: eleitores iniciam escolha de novas lideranças
2018-03-13 14:03:28portuguese.xinhuanet.com




Por Raimundo Urrechaga
Havana, 11 mar (Xinhua) -- Milhões de cubanos foram às urnas no domingo para eleger mais de 600 deputados para o Parlamento da ilha. Os eleitos representarão uma nova geração de líderes na nação caribenha, marcando uma mudança histórica.

Mais de 24 mil colégios eleitorais foram abertos em todo o país para que os cubanos exercessem seu direito de voto e escolhessem entre os candidatos à Assembleia Nacional do Poder Popular, um órgão legislativo que, por sua vez, elegerá o presidente do país em abril.

O atual líder de Cuba, Raul Castro, de 87 anos, anunciou ao parlamento, em dezembro, que não buscará a reeleição para um terceiro mandato de cinco anos, o que abriria um novo capítulo na história do país.

Será a primeira vez, desde 1976, que alguém sem o sobrenome Castro será presidente de Cuba, desde a revolução de 1959.

"Acho que a mudança de presidente será boa porque dessa forma teremos um líder com ideias mais recentes e atuais", disse à Xinhua Rosalia Martinez, estudante universitária de 22 anos.

Analistas esperam que o sucessor de Castro seja Miguel Diaz-Canel, o atual primeiro vice-presidente do país. Diaz-Canel exerceu o direito de voto no domingo, na província natal de Villa Clara, no centro de Cuba, onde foi nomeado.

Se eleito, Diaz-Canel, um engenheiro de 57 anos, não provocaria mudanças significativas, porque ele defende a continuidade política na ilha e mantém o modelo socialista, dizem os analistas.

"O governo eleito servirá ao povo, e as pessoas terão voz nas decisões. Este será um governo que atende ao que as pessoas querem", disse ele a jornalistas depois de votar.
No final da tarde, a Comissão Nacional Eleitoral (CEN) disse que mais de 6,9 milhões de cubanos votaram, representando 78,5% dos eleitores registrados.

Os resultados finais serão apresentados na segunda-feira pelo CEN em coletiva de imprensa.

Historicamente, a participação eleitoral na ilha é de cerca de 90%, embora a votação seja voluntária e o número de candidatos seja tradicionalmente igual ao número de cargos disponíveis.

Os cubanos acreditam que este processo irá aprofundar as reformas econômicas e sociais iniciadas por Castro e também melhorar suas vidas.

"Eu acho que o novo governo continuará trabalhando para melhorar nossas ações como sociedade, como país, como nação", disse Edgar Martin, um advogado de 40 anos, à Xinhua.

Sua esposa, Iselda Damerafon, que também votou no domeingo numa escola de Havana, disse à Xinhua que os desafios dos novos líderes serão ainda maiores, porque não se trata simplesmente de assumir um cargo, mas de defender o legado de Fidel Castro e Raúl Castro .

Além disso, ela disse, eles devem tomar decisões importantes para promover o desenvolvimento da ilha, já que a atual situação econômica de Cuba não é a melhor.

"A nova liderança terá mais responsabilidades e deve aprofundar o processo de reformas econômicas. Eles precisam atender às pessoas e trabalhar para o crescimento e o progresso de nosso país", acrescentou.

Alicia Zayas e José Gabriel Navarro, dois estudantes universitários acompanhados por seus pais e avós, também votaram nas eleições.

"Vir votar é um exercício democrático muito importante para todos os cidadãos, porque aqui nós decidimos quem serão nossos próximos líderes e é bom ter uma opinião na escolha de quem acreditamos ser o mais capaz", disse Navarro à Xinhua .

Enquanto isso, Zayas disse que o voto não é apenas num candidato, mas sim no futuro da nação, porque determinará como o novo governo será formado.

"Como jovem e mulher, sinto-me orgulhosa de testemunhar essa mudança. É verdade que Fidel e Raul (Castro) foram muito bons para este país e entrarão para a história, mas é muito importante dar lugar às novas gerações e estou muito animada para ver isso acontecer ", disse ela.

O ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, que está entre os líderes mais jovens do país, disse que o processo eleitoral é uma autêntica demonstração de democracia, à medida que as pessoas vão às eleições para escolher quem liderará a nação e tornar o socialismo da ilha mais eficiente e justo.

"A Assembleia Nacional elegerá o novo Conselho de Estado e seu presidente. Ele será feito por voto secreto e direto dos deputados eleitos e haverá um certo senso de renovação e continuidade", acrescentou.

De acordo com dados oficiais, a idade média dos candidatos nesta eleição é de 49 anos, mais de 86% deles possuem um diploma universitário e 53,6 % são mulheres, números que tornariam o novo parlamento de Cuba o segundo maior em termos de representação feminina no mundo.

A mudança histórica ocorrerá oficialmente após 19 de abril, quando os deputados eleitos votarão nos 31 membros do Conselho de Estado, incluindo seu novo presidente, primeiro vice-presidente, 5 vice-presidentes e outros membros.


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