Eleições
em Cuba: eleitores iniciam escolha de novas lideranças
2018-03-13
14:03:28丨portuguese.xinhuanet.com
Por
Raimundo Urrechaga
Havana, 11 mar (Xinhua) --
Milhões de cubanos foram às urnas no domingo para eleger mais de 600 deputados
para o Parlamento da ilha. Os eleitos representarão uma nova geração de líderes
na nação caribenha, marcando uma mudança histórica.
Mais de 24 mil colégios
eleitorais foram abertos em todo o país para que os cubanos exercessem seu
direito de voto e escolhessem entre os candidatos à Assembleia Nacional do
Poder Popular, um órgão legislativo que, por sua vez, elegerá o presidente do
país em abril.
O atual líder de Cuba, Raul
Castro, de 87 anos, anunciou ao parlamento, em dezembro, que não buscará a
reeleição para um terceiro mandato de cinco anos, o que abriria um novo
capítulo na história do país.
Será a primeira vez, desde 1976,
que alguém sem o sobrenome Castro será presidente de Cuba, desde a revolução de
1959.
"Acho que a mudança de
presidente será boa porque dessa forma teremos um líder com ideias mais
recentes e atuais", disse à Xinhua Rosalia Martinez, estudante
universitária de 22 anos.
Analistas esperam que o sucessor
de Castro seja Miguel Diaz-Canel, o atual primeiro vice-presidente do país.
Diaz-Canel exerceu o direito de voto no domingo, na província natal de Villa
Clara, no centro de Cuba, onde foi nomeado.
Se eleito, Diaz-Canel, um
engenheiro de 57 anos, não provocaria mudanças significativas, porque ele
defende a continuidade política na ilha e mantém o modelo socialista, dizem os
analistas.
"O governo eleito servirá ao
povo, e as pessoas terão voz nas decisões. Este será um governo que atende ao
que as pessoas querem", disse ele a jornalistas depois de votar.
No final da tarde, a Comissão
Nacional Eleitoral (CEN) disse que mais de 6,9 milhões de cubanos votaram,
representando 78,5% dos eleitores registrados.
Os resultados finais serão
apresentados na segunda-feira pelo CEN em coletiva de imprensa.
Historicamente, a participação
eleitoral na ilha é de cerca de 90%, embora a votação seja voluntária e o
número de candidatos seja tradicionalmente igual ao número de cargos
disponíveis.
Os cubanos acreditam que este
processo irá aprofundar as reformas econômicas e sociais iniciadas por Castro e
também melhorar suas vidas.
"Eu acho que o novo governo
continuará trabalhando para melhorar nossas ações como sociedade, como país,
como nação", disse Edgar Martin, um advogado de 40 anos, à Xinhua.
Sua esposa, Iselda Damerafon, que
também votou no domeingo numa escola de Havana, disse à Xinhua que os desafios
dos novos líderes serão ainda maiores, porque não se trata simplesmente de
assumir um cargo, mas de defender o legado de Fidel Castro e Raúl Castro .
Além disso, ela disse, eles devem
tomar decisões importantes para promover o desenvolvimento da ilha, já que a
atual situação econômica de Cuba não é a melhor.
"A nova liderança terá mais
responsabilidades e deve aprofundar o processo de reformas econômicas. Eles
precisam atender às pessoas e trabalhar para o crescimento e o progresso de
nosso país", acrescentou.
Alicia Zayas e José Gabriel
Navarro, dois estudantes universitários acompanhados por seus pais e avós,
também votaram nas eleições.
"Vir votar é um exercício
democrático muito importante para todos os cidadãos, porque aqui nós decidimos
quem serão nossos próximos líderes e é bom ter uma opinião na escolha de quem
acreditamos ser o mais capaz", disse Navarro à Xinhua .
Enquanto isso, Zayas disse que o
voto não é apenas num candidato, mas sim no futuro da nação, porque determinará
como o novo governo será formado.
"Como jovem e mulher,
sinto-me orgulhosa de testemunhar essa mudança. É verdade que Fidel e Raul
(Castro) foram muito bons para este país e entrarão para a história, mas é
muito importante dar lugar às novas gerações e estou muito animada para ver isso
acontecer ", disse ela.
O ministro das Relações
Exteriores, Bruno Rodríguez, que está entre os líderes mais jovens do país,
disse que o processo eleitoral é uma autêntica demonstração de democracia, à
medida que as pessoas vão às eleições para escolher quem liderará a nação e
tornar o socialismo da ilha mais eficiente e justo.
"A Assembleia Nacional
elegerá o novo Conselho de Estado e seu presidente. Ele será feito por voto
secreto e direto dos deputados eleitos e haverá um certo senso de renovação e
continuidade", acrescentou.
De acordo com dados oficiais, a
idade média dos candidatos nesta eleição é de 49 anos, mais de 86% deles
possuem um diploma universitário e 53,6 % são mulheres, números que tornariam o
novo parlamento de Cuba o segundo maior em termos de representação feminina no
mundo.
A mudança histórica ocorrerá
oficialmente após 19 de abril, quando os deputados eleitos votarão nos 31
membros do Conselho de Estado, incluindo seu novo presidente, primeiro
vice-presidente, 5 vice-presidentes e outros membros.
Sem comentários:
Enviar um comentário