Por que humanos têm medo de passar a mão na bunda de um robô?
É a conclusão de um
estudo sério da Universidade de Stanford, acredite.
Um robô acaba de te pedir para tocar a bunda dele. E aí, você
aceita?
Não há nada de estranho nisso,
vai; você sabe que um robô não tem sentimentos ou uma bunda de verdade. Ele é
só um monte de plástico e metal num formato mais ou menos humano. Quando robôs
humanoides estiverem circulando pelos
escritórios do futuro, ninguém deveria se sentir esquisito por
tocar um robô nessa zona. Seria como tocar o cartucho de uma impressora… Certo?
Não muito. O que acabo de descrever é um experimento de verdade feito
recentemente por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos,
liderados por Jamy
Li, e que trouxe conclusões um tanto confusas sobre a maneira
como vemos robôs. Ao que parece, para muitos de nós, os robôs não são como
ferramentas inumanas.
"É muito comum que proprietários de um Roomba [um modelo de
aspirador robótico] deem um nome a ele ou conversem com ele em casa", diz
Li. "Mas ele também é mais do que uma torradeira. As pessoas não tratam
suas torradeiras como bichos de estimação. Talvez haja uma conexão entre tocar
um robô e desenvolver uma relação de intimidade com ele. Ele se torna mais do
que um aparelho."
A conclusão foi que os humanos participantes do experimento se
sentiram muito estranhos quando
ouviram o pedido para tocar as partes íntimas de um robô e também quando o
fizeram, o que foi medido pelo aumento da condutividade da pele– quando a pele
brevemente aumenta sua capacidade de conduzir eletricidade –, o que os
pesquisadores consideram um equivalente à excitação fisiológica. No total, o
experimento pedia que participantes tocassem treze diferentes partes do corpo com
níveis distintos de "acessibilidade". Em humanos, áreas como os
olhos, a bunda e os genitais são consideradas menos acessíveis que, digamos, as
mãos.
"A descoberta de que a sensação de tocar um robô afeta a fisiologia
humana reforça a ideia de que robôs podem provocar fortes respostas sociais nas
pessoas", escreveram os pesquisadores. "Essas respostas não são
simplesmente um sinal de que eles entraram na brincadeira – elas ocorrem num
nível fisiológico mais profundo." A pesquisa deles será apresentada na Anual International Communication Association Conferencie,
em junho.
O robô em questão era um pequeno e adorável modelo Não –
os pesquisadores dizem que ele se parece com "uma criança ou um
brinquedo" –, o que torna a coisa toda ainda mais perturbadora.
Embora a equipe de pesquisadores não tenha avaliado a razão pela qual as
pessoas pareceram reagir ao ato de tocar um robô ali de
uma maneira semelhante à que esperaríamos que reagissem se tocassem outro
humano, eles sugerem que a descoberta pode ser usada para criar robôs melhores.
Um robô falante que pede para você tocar o ombro dele e mede a sua excitação
fisiológica pode usar isso para medir como você se sente em relação a ele –
quão "íntimo" você se sente – e reagir de acordo com isso.
Ou podemos só continuar a ser pervertidos com
nossos pequenos amigos robôs, além de cobri-los. Em nome da ciência, você sabe.
Tradução: Danilo Venticinque