“Meu
filho recebeu 11 tiros. Um, na nuca, arrancou seu maxilar”
Publicado
há 1 dia - em 1 de março de 2016 » Atualizado às 9:42
Categoria » Violência Racial e Policial
Categoria » Violência Racial e Policial
“Liberdade de expressão” é como self-service: você
come o que lhe convém
(Paulo)O mundo tem que se posicionar: a Guerra civil brasileira, do
estado contra jovens negros é real e letal. Africanos, cuidado ao chegarem no
Brasil. Podem ser mortos apenas por terem nascido negros.
A chacina de Costa Barros, quando
cinco jovens foram executados por policiais militares, está
completando três meses. O carro onde estavam Wesley (25), Wilton (20),
Cleiton (18), Roberto (16) e Carlos Eduardo (16) foi metralhado, na madrugada
entre 28 e 29 de novembro do ano passado, na zona norte do Rio de Janeiro, por
policiais – que ainda tentaram plantar uma arma a fim de
justificar o crime. Ao todo, teriam sido 111 disparos. Alguns dos rapazes
ficaram deformados devido à quantidade de projéteis.
Por Leonardo
Sakamoto, do Blog do Sakamoto
Carro em que estavam cinco jovens
mortos em Costa Barros, zona norte do Rio (Foto: Fabiano Rocha / Agência O
Globo)
“Uma semana antes de ser morto,
ele me deu um abraço, falou que eu ia ter muito orgulho dele, que ele seria um
grande oficial da marinha”, lembra Carlos Henrique do Carmo Souza, 34 anos, pai
de Carlos Eduardo.
Ele conta que sua
ex-esposa, emocionada durante o velório, abraçou o rapaz dentro do caixão,
acreditando que ele estaria apenas dormindo. Puxada pelos presentes, acabou
erguendo o corpo do filho e percebeu que estava sem o maxilar. Chamou Carlos
Henrique de mentiroso, porque ele tinha dito que Carlos Eduardo
morrera com um tiro na nuca e “apagou como um passarinho”.
“Não tive coragem de contar tudo
para ela. Ele ficou todo destruído.”
Carlos Henrique carrega as
fotos dos rapazes mortos em seu táxi para que não sejam esquecidos. Ele
acredita que, além do despreparo e da burrice dos policiais envolvidos, houve
racismo no crime. Todos os jovens eram negros.
Abaixo, estão trechos da
entrevista que ele me concedeu no Rio de Janeiro, durante o lançamento do novo
relatório mundial da Anistia Internacional.
Enquanto o Congresso
Nacional aprova uma lei antiterrorismo, proposta pelo governo federal, as
grandes capitais brasileiras seguem adotando o terrorismo de Estado contra sua
própria população. Dessa forma, vamos nos afastando das mudanças
estruturais para garantir paz – que incluem um Estado que pense em qualidade de
vida para todos, uma polícia que não esteja em guerra contra seu próprio povo e
que seja punida em caso de desvios e um horizonte de opções para os mais jovens
que saem em busca de um lugar no mundo.
Por fim, boa parte dos policiais
envolvidos nesses momentos são da mesma classe social dos moradores. Ou seja, é
pobre (mal remunerado, mal treinado, maltratado) matando pobre enquanto quem
manda ou lucra de verdade com todo o circo está em outro lugar.
Ninguém passa atirando a esmo em
um carro no Leblon ou em Moema. Por que isso ocorre em Costa Barros, na Zona
Norte do Rio? Porque lá a vida vale menos.
Leia a matéria completa em: “Meu filho recebeu 11 tiros. Um, na nuca, arrancou seu
maxilar” - Geledés http://www.geledes.org.br/meu-filho-recebeu-11-tiros-um-na-nuca-arrancou-seu-maxilar/#ixzz41n9mn749
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