Bloco
mais tradicional de São Paulo comemora 70 anos nas ruas do Bixiga
- 27/02/2017 14h04
- São Paulo
Elaine
Patrícia Cruz - Repórter da Agência Brasil
O Bloco Esfarrapados, um dos mais tradicionais de
São Paulo, se concentra entre as ruas Conselheiro Carrão e 13 de Maio, no
Bixiga Rovena Rosa/Agência Brasil
O bloco mais antigo da cidade de São Paulo comemora
70 anos hoje (27). E para celebrar a data, o grupo Esfarrapados saiu mais uma
vez às ruas do Bixiga, bairro com grande concentração de imigrantes italianos
no centro da cidade. Com suas marchinhas e debaixo de muito sol, o bloco reuniu
muitas crianças e também os moradores mais antigos do bairro, que ajudaram a
criar os Esfarrapados.
O grupo surgiu no carnaval de 1947 e foi fundado
pelos amigos Armandinho Puglisi, Walter Taverna, Tinin, Capuno e Carabina. Um
cartaz espalhado pelas ruas do bairro conta um pouco da história do bloco:
“Cada um providenciou uma roupa e, com um punhado de latas vazias e panelas,
saiu batucando pelas ruas do bairro”.
“O bloco foi fundado assim: para você trazer a sua
fantasia, seja ela qual for, e vir curtir. Essa magia foi sendo espalhada”,
contou o puxador do bloco Gleison Pego, o Mineiro. “É trazer a sua fantasia e
levar para o bloco a sua alegria”, lembrou.
Para celebrar a data, a diretoria conseguiu levar
para a rua um antigo bonde que passava pelo local - e que hoje foi bastante
fotografado pelos foliões. O bonde vai circular pelo bairro junto com o bloco.
“O bonde é uma referência à forma de transporte que São Paulo teve até os anos
60, e o bairro da Bela Vista [como também é chamado o Bixiga] tinha o bonde da
Bela Vista que circulava pelas ruas. Procuramos e encontramos uma réplica
autêntica nas cores e no formato do bonde para trazer de lembrança não só para quem
já tinha visto e usado, mas para o pessoal novo, para ver como era o Bixiga
naquele tempo”, disse Maurizio Bianchi, presidente do bloco.
Saiba Mais
Tinin, 81 anos, um dos fundadores do grupo, mas que
prefere dizer que é apenas um acompanhante do bloco há 70 anos, emocionou-se
com a festa deste ano. “Fiquei olhando e tinha mais de 100 crianças brincando.
Chamei os pais e as mães e falei: 'vocês sabem quem são essas crianças para
nós? São o futuro bloco dos Esfarrapados'. Elas é que vão dar a continuidade à
nossa tradição”, disse ele. Tinin também se emocionou ao ver o bonde
estacionado na rua Conselheiro Carrão, ao lado do bloco, e lembrou os tempos em
que entrava no vagão para namorar. "A gente ia no fundo do vaguão e,
quando apagava as luzes, a gente dava uns beijinhos", contou.
70 anos de carnaval
Segundo Bianchi, nesses 70 anos, o bloco nunca
deixou de sair às ruas. “Com todas as dificuldades e situações – e o bloco
passou por períodos bem difíceis – ele conseguiu se manter, se restabelecer e
estamos fazendo ele caminhar”.
O jornalista Luiz Espanha, 58 anos, é presença
constante nos Esfarrapados. “Saio nesse bloco desde o começo dos anos 80. É um
dos melhores de São Paulo e do país. Aliás, o carnaval de São Paulo chegou e
arrebentou e ninguém segura mais”, afirmou. “Ele [o bloco] toca música de
carnaval, tem um clima muito bom, é seguro e alegre. E carnaval é alegria”,
disse o jornalista, que esteve também em outros blocos pela capital e reclamou
da falta de organização em alguns deles. “Estão colocando grandes blocos em
ruas bem estreitas. Quando você espreme o povo na alegria e na cultura, você
provoca violência. Faltou organização. Grandes blocos precisam de mais espaço”.
Moradora do bairro, a dona de casa Rosa Santos, 41
anos, trouxe a filha Elen, de 7 anos, para curtir o bloco. “Ela gosta de
carnaval e desses bloquinhos”. Rosa disse ainda que levou a filha também para
curtir outras blocos pela região. “Para quem gosta, é muito legal. E ela gosta
bastante, pula muito”.
Carnaval de rua
O penúltimo dia de carnaval na capital paulista terá
a apresentação de 31 blocos. A cantora Elza Soares e a banda Bixiga 70 encerram
a programação desta segunda-feira no Largo da Batata, na zona oeste.
Edição: Graça
Adjuto
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